"Lute sempre pelos seus sonhos!"

Esta afirmativa fará sempre parte da minha vida, pois, acredito que os sonhos não envelhecem, nos fazem refletir, buscar caminhar,e, são sonhos até que se tornem realidade...de uma forma ou de outra!

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Desafios da Inclusão


Um  depoimento mais que especial!

         Há 17 anos, eu, Renata de Castro Camargo que comecei a lecionar no município de Cruzeiro como professora na Educação de Jovens e Adultos, minha grande paixão, já convivia com a educação especial e praticava a educação inclusiva, mesmo sem saber, com adultos, idosos, não alfabetizados, muitos de classe baixa, alunos que já tinham frequentado a APAE , alunos estes  que aprendi mais que ensinei e que me despertaram ainda mais a paixão por educar. Há 10 anos, me tornei coordenadora pedagógica em Cachoeira Paulista, através de concurso público, nesta época, fiz pós-graduação em psicopedagogia, desenvolvia atividades com alunos que apresentavam dificuldades de aprendizagem, conheci a psicóloga Iva Carley Capucho da Silva que me proporcionou o privilégio de estagiar com ela na escola Dr. Evangelista Rodrigues, referência na educação de pessoas com necessidades especiais, me lembro que atendi um menino que sei que pude ajudá-lo e com quem aprendi muito também, depois, me tornei coordenadora desta escola e fazia parte do EAEE- Equipe de apoio à Educação Especial , nesta caminhada muitas professoras, alunos ,pais  especiais passaram em minha vida e fui aprendendo com cada um... e fui me apaixonando  pela educação especial, pela inclusão.
         Há 4 anos fui selecionada para trabalhar na escola Maria Zélia Freitas Lorena com a proposta de auxiliar no trabalho da sala de recursos multifuncionais, e, de lá para cá, resolvi continuar nesta missão. O desafio é grande, há dificuldades, controvérsias, mas, a vontade de acertar também!
         Resolvi juntamente com a equipe escolar ter como meta no ano de 2016 buscar formas de implantar mesmo que não oficialmente a adaptação curricular e consequentemente a efetiva inclusão escolar. Tenho estudado bastante, lido, pesquisado, estou fazendo cursos e compartilhando os conhecimentos adquiridos com a equipe da escola Maria Zélia , em especial os professores que felizmente abraçaram minha ideia. Estamos ao longo do ano nos HTPCs conversado sobre o tema de forma teórica e prática.
         Até que semana passava,  vi na rede social- facebook o convite da Nova Escola para o debate sobre educação inclusiva, me inscrevi, após solicitar uma condução ao nosso secretário-adjunto de educação, Ivan Sobrinho, ele prontamente concordou e no qual aproveito para agradecer muito a confiança e oportunidade, aproveito também para agradecer o apoio de toda a equipe da Secretaria Municipal de Educação que confia em meu trabalho. Por toda esta minha história eu não poderia deixar de convidar para participar deste momento comigo, a psicóloga Iva parceira de toda minha trajetória na educação do município, com quem sempre aprendo muito e com quem desenvolvi uma grande amizade, um grande carinho, respeito e admiração.
Após inscrições confirmadas e autorizações realizadas, partimos para o evento com o propósito de qualificar cada vez mais o trabalho aqui desenvolvido.  Ao assistir o documentário "Incluindo Samuel" no Centro Cultural Ruth Cardoso, em que me emocionei pude perceber que minha causa não tem sido em vão, foi tudo o que acredito e que vale a pena lutar pela inclusão, como é bom ter profissionais junto comigo sonhando e agindo por isso!
         As reflexões conduzidas por Rodrigo Mendes o criador do Instituto Rodrigo Mendes, as que mais chamaram minha atenção durante o período de análise e debate, foram:
“É preciso investir na possibilidade de aprender com o professor”. E isso tenho feito isso  visitando a sala de aula, compartilhando conhecimentos em HTPCs e outros.
“ A inclusão é um conjunto de pessoas empenhadas em transformar um contexto cristalizado."
  A luta é de mudanças que se perpetuem e não sejam apenas pontuais!
“ A busca constante pelo aprimoramento de conhecimento e estratégias pedagógicas é o que deve nos guiar.”
         O filme traz também a importância das apostas de pessoas empenhadas em realizar uma modificação. É preciso trabalhar de forma cooperativa e com visão multidimensional.
         A instrução de uma escola inclusiva não é trivial.  Da mesma forma ter uma escola de qualidade não é trivial. É fácil fazer uma inclusão mal feita!Acabamos muitas vezes, seguindo a inércia!
         Não existe uma receita como a do bolo para o professor seguir e nem para os pais!
         Foi destacado que é uma imensa ilusão, afirmar que o professor não foi preparado para trabalhar com alunos com necessidades especiais, afinal, não fomos mesmo preparados para trabalharmos com nenhum aluno! Não conhecemos todas as patologias com detalhes, da mesma forma não conhecemos os seres humanos de uma forma geral!
         A busca constante pela aprendizagem é o que nos guia!
         Temos que compartilhar o que já sabemos é esse o melhor caminho, pois, muitas vezes já temos práticas que podem agregar a prática dessa educação inclusiva, que é sim árdua. E isso gosto muito de fazer e me proponho a fazer sempre nos HTPCS, em conversas informais , em meu blog e por email.
         É preciso ir relacionando-se e adquirindo conhecimentos!
         É preciso romper o medo da incerteza, de buscar perder o hábito de falar: “não fui preparado para trabalhar com esses alunos, mas, podemos dizer:” não sei o que vai acontecer, não  sei se irá dar certo, mas, iremos à luta.” 
O que é preciso para o professor incluir?
- ter um olhar cuidadoso;
- estar aberto;
- dialogar;
- ter criatividade;
- envolver os colegas;
- acreditar, considerar que cada um aprende de um jeito;
- pensar em como o aluno irá sentir-se melhor;
-pensar como o aluno irá aprender querer aprender;
Nossa escola não tem o conhecimento e provavelmente nunca terá, mas, nós temos que fazer o papel de buscar o que é necessário para ajudar esses alunos que estão perto de nós.
         É importante avançar na ideia do trabalho multidisciplinar, com apoio do professor do AEE, ressaltando que para integrar o aluno, ele precisa estar na sala regular, estar verdadeiramente, professor tem que estar junto e a equipe precisa pensar juntos em formas de eliminar as barreiras! Assim, faz sentido! Buscar soluções coletivamente e isso sem falsa modéstia posso afirmar que nossa escola está buscando, pelo menos tentando!
         Ressaltaram a importância de fazer o que chamamos de PDI- Plano de Desenvolvimento Individual, e, pensando não só nas dificuldades dos alunos,mas, em suas competências.
         Algo que chamou a atenção também foi o tópico levantado sobre a necessidade que deveria ter a presença de um " tutor" que desse um acompanhamento longitudinal ao trabalho realizado com os alunos com deficiências, visto que a cada ano, mudam-se os professores. Em Cachoeira Paulista temos estas " tutoras" que são as psicólogas do Setor de Psicologia que conhecem cada aluno e que a cada ano passam informações sobre os alunos para os novos professores, além disso os professores das salas de recursos multifuncionais, de forma geral continuam com os mesmos alunos.
         É essencial que a escola enxergue positivamente a inclusão e como benefício para todos!
         É preciso refletir sobre: o que são necessidades especiais?  Pensamos muito nesta hora, nas deficiências... mas, quem são os excluídos da escola? Quem são esses alunos com suas histórias? O que é inclusão? Quem são os alunos que devem ser incluídos? São só os com deficiências? 
Todos nós uma hora teremos deficiência em algo e iremos precisar de uma intervenção, um suporte.
         Faltam profissionais, recursos, mas, a sociedade está mudando!
         Não podemos ficar esperando do outro! Só lamentando! Pense: e se fosse “meu filho?"  E essa reflexão é o que deve sustentar a nossa prática, pois, a qualquer momento, essas questões podem acontecer em minha casa ou entre os meus familiares.
         Não é pensar em escola da inclusão, mas, escola de todos!
         É preciso acabar com a fala de que aluno desenvolveu, mas, tem uma deficiência e irá sempre precisar de cuidados, afinal, todos nós precisamos de cuidados!
É preciso buscar o potencial máximo das crianças.
As pesquisas têm mostrado que uma das competências mais almejadas nas organizações em seus processos seletivos é a de relacionar-se com o outro e com a sua diversidade, é se colocar no lugar do outro de maneira empática  e a escola oferece isso!
Em eventos como este que tivemos a oportunidades de participar,  a fim de compartilhar conhecimentos, você acaba descobrindo que não sabe muitas coisas, a cabeça" burbulha", pensamos em muitas coisas e mais que isso, ficamos com vontade de realizar muitas coisas.
         Foi destacado  que os pilares da Revista Nova Escola são: formação, inspiração, dar voz ao professores que mudam a educação com seu cotidiano. Temos que pensar como  a nossa prática tem colaborado para mudar a EDUCAÇÃO. E isso tenho procurado também fazer na escola.
Esta conversa, reflexão de hoje só começou, temos muito a falar, a ouvir, a fazer!
         Fica a ideia de que se alguém é excluído na sociedade, toda a sociedade perde. O pontapé da inclusão na escola é a prática para que o aluno tenha interesse, motivação!
É preciso desprender-se de que existe um caminho ideal!
         A formação tem que acontecer concomitantemente com a mudança da escola! E é esta minha proposta para este ano em especial, por isso, minha dedicação aos estudos e ações práticas.
         Saí de lá renovada novamente, motivada, inspirada a continuar percorrer um longo caminho, mas, um caminho lindo!
15 de junho de 2016.
Observação: depoimento elaborado por Renata de Castro Camargo com muitas contribuições de Iva Carley Capucho da Silva.







 

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