"Lute sempre pelos seus sonhos!"

Esta afirmativa fará sempre parte da minha vida, pois, acredito que os sonhos não envelhecem, nos fazem refletir, buscar caminhar,e, são sonhos até que se tornem realidade...de uma forma ou de outra!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A onça, o tatu e a coruja

A ONÇA, O TATU E A CORUJA
Versão de um conto popular

Ricardo Azevedo


O tatu estava passeando no mato quando escutou alguém chorando. Quando foi ver, encontrou a onça atolada no lamaçal. A onça gritou:
-- Tatu, me acuda! Vim beber água e me atolei. Me ajude a sair dessa lameira, que sozinha eu não dou conta!
O tatu teve medo.
-- Eu hein? – disse ele. – Não vou não, que depois você me come!
A onça fez cara espantada:
-- Que é isso, amigo tatu? Onde já se viu? Você acha que eu ia ter coragem de comer justo um amigo numa hora de tamanha necessidade?
O tatu respondeu:
-- Acho!
Foi quando os olhos da onça ficaram cheinhos de lágrima:
-- Me acuda, querido tatu, que a coisa está preta e eu já estou mais pra lá do que pra cá. Me ajude, por favor, que eu sou mãe de família e tenho sete filhinhos pra cuidar!
Com pena da onça, o tatu correu, arranjou um pedaço de cipó, amarrou e puxou a bicha para fora. Livre da lameira, a onça deu um bote e pegou o tatu.
-- Peço desculpas, caro amigo – disse ela -, mas fiquei um tempão no lamaçal e agora me deu uma fome danada!
Mas o tatu teve uma idéia. Disse à onça:
-- Primeiro vamos sair pela mata e perguntar se isso é justo ou não é justo. Se for justo, você me come. Se for injusto, você me solta. Topa ou não topa?
A onça topou.
Lá foram os dois andando pelo mato. Encontraram uma árvore e explicaram o caso. A árvore balançou seus milhares e milhares de folhas.
-- Ora, tatu – disse ela. – Isso não é nada! E eu? Logo, logo vou ser derrubada, cortada, virar lenha e morrer queimada no fogareiro!
A onça lambeu os beiços, mas o tatu disse que o certo era ouvir outra opinião.
Lá foram os dois andando pelo mato. Encontraram uma estrada de terra e explicaram o caso. A estrada suspirou levantando poeira:
-- Ora, tatu – disse ela. – Isso não é nada! E eu? Os homens passam e cospem em cima de mim, os bichos fazem cocô na minha cara, as crianças jogam papel de bala, os carros passam tão pesados que quase me arrebentam e ainda me deixam cheia de buracos!
A onça lambeu os beiços, mas o tatu disse que o certo era ouvir mais uma opinião.
-- Vai ser a última – avisou a onça, arreganhando os dentes.
Lá foram os dois andando pelo mato. Encontraram um boi e explicaram o caso. O boi soltou um mugido tristonho:
-- Ora, tatu – disse ele. – Isso não é nada! E eu? Trabalhei a vida inteira puxando carroça e agora que fiquei velho e sem forças, vou ser morto e cortado pra virar carne de churrasco!
A onça lambeu os beiços e já ia comendo o tatu quando apareceu uma coruja. A coruja viu o tatu chorando e quis saber o que estava acontecendo. A onça explicou o caso. A coruja escutou tudo direitinho e disse:
-- Acho melhor a gente ir até o lamaçal. Não estou conseguindo entender esse caso direito.
A onça e o tatu levaram a coruja até o lamaceiro. A onça explicou tudo de novo. A coruja não entendeu:
-- Como? Quer dizer que a árvore ficou cheia de buracos, virou churrasco e foi parar no meio da lama?
A onça disse que não era nada disso e explicou o caso de novo. A coruja não entendeu:
-- Como? Quer dizer que a estrada foi derrubada, foi cortada, virou lenha, caiu no chão, a onça vinha passando, tropeçou e foi parar no lamaçal?
A onça disse que não era nada disso e explicou tudo de novo. A coruja não entendeu:
-- Como? Quer dizer que a onça fez cocô na cara do boi, o boi não gostou, deu uma chifrada e a onça foi atirada no lamaceiro?
A onça perdeu a paciência:
-- Mas será o benedito? Essa coruja é mais burra do que uma porta! Não consegue entender nada direito!
Irritada e cheia de fome, pulou dentro do lamaçal e começou a explicar:
-- Presta atenção! Eu estava bem aqui, presa assim, e então...
Foi quando a coruja disse:
-- Estava aí e vai continuar aí mesmo. Vamos embora, amigo tatu. Deixa a onça se azarar.
E lá foram os dois embora, enquanto a onça berrava e gritava e miava e afundava e engasgava no meio do lamaçal.

2 comentários:

  1. A CORUJA APRESENTA DOIS TIPOS DE COMPORTAMENTO.ELA PARECE PARVA E SABIA.EXPLIQUE ISSO

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  2. ISSO É UMA PERGUNTA SOBRE O TEXTO

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