Receitinha de Sarau
Um sarau (do latim seranus, através do galego serao) é um evento cultural ou musical realizado geralmente em casa particular onde as pessoas se encontram para se expressarem ou se manifestarem artisticamente. Um sarau pode envolver dança, poesia, leitura de livros, música acústica e também outras formas de arte como pintura e teatro.Evento bastante comum no século XIX que vem sendo redescoberto por seu caráter de inovação, descontração e satisfação. Consiste em uma reunião festiva que ocorre à tarde ou no início da noite, apresentando concertos musicais, serestas, cantos e apresentações solo, demonstrações, interpretações ou performances artísticas e literárias. Vem ganhando vulto por meio das promoções dos grêmios estudantis e escolas.
Esta “receita” é apenas uma possibilidade de acontecer de um sarau, já que não existem (felizmente) modelos oficiais a serem seguidos rigorosamente.
Resultado de muitos saraus realizados em várias e distintas localidades brasileiras ,é como uma receita de bolo que a vovó faz com muito carinho e, mesmo sem saber as quantidades exatas ou tempo de forno, fica sempre gostoso!
Nesta receita, o sarau começa sempre com a escolha de um casal de mestre de cerimônia, um homem e uma mulher escolhidos sem antecedência. Essa é uma pitada especial. O casal é escolhido pelo padrinho ou madrinha do sarau,(padrinho ou madrinha é a pessoa que ofereceu o sarau, aquele que é dono da casa ou responsável pelo espaço ou atividade) e referendado pelos participantes através de uma salva de palmas ou outra aclamação. Depois de aclamados, o casal recebe uma flor ou buquê -para a mulher – e um chapéu – para o homem. Flor e chapéu embelezam o sarau e identificam o casal que cuidará para que tudo saia bem. Os mestres precisam ser bem escolhidos entre os presentes, pois levarão as atividades até o fim e têm a tarefa de animar a todos fazendo com que participem e se apresentem.
Depois da escolha, o padrinho se junta ao restante do grupo e os mestres iniciam o pedido de bênçãos que servem para iluminar filosófica e poeticamente a atividade do sarau.
O primeiro pedido é dos mestres de cerimônia.
Terminada a acolhida, é hora de aquecer voz e coração. Todos são convidados a cantar alguns versos de canções conhecidos. Que começa são os mestres de cerimônia que iniciam (puxam) uma canção sem necessidade de acompanhamento instrumental. Não é preciso, nem recomendável, que se
cante toda a canção, apenas alguns versos. Também é bom que a música escolhida seja conhecida para favorecer que os participantes acompanhem com alegria e realmente possam se aquecer. Depois de alguns versos, passa-se a música pra frente, ou seja, a mestre joga a flor ou buquê para alguém escolhido. A pessoa que recebe o buquê começa (puxa) – imediatamente -, outra música e também canta apenas alguns versos e também passa pra frente e assim sucessivamente.
O aquecimento é sempre muito gostoso, pois os participantes precisam lembrar de uma canção e tentar ser acompanhado. Caso o sarau tenha muitos participantes, o aquecimento pode ser feita em duplas ou trios, o importante é que todos cantem um pouquinho para realmente aquecer e colocar sua memória poética-musical em alerta.
Todos devidamente aquecidos, os mestres preparam o enredo-programação do sarau. Trata-se agora de anotar nomes das pessoas que se apresentarão e suas atividades: música, poesia, contação de história, anedota, dança. Os mestres devem fazer uma programação bem organizada buscando alternar as atividades. Caso aconteça de poucos se inscreverem, cabe aos mestres incentivar o grupo, chamando para a atividade.
Enquanto os mestres organizam as apresentações, pode-se colocar música para dançar, poetas declamando em CDs ou vídeos ou outra programação que os mestres criarem.
Os participantes vão se apresentando de acordo com a programação feita pelos mestres até o fim da lista.
Dicas:
Levar para o sarau livros ou textos soltos de poesia. Alguns participantes podem ficar com desejo de declamar, mas talvez não se lembrem de nenhum verso, então poderão recorrer ao arsenal trazido. Quanto mais contagiante forem os mestres de cerimônia e as apresentações, mais pessoas ficarão com desejo de participar.
Dança combina muito com sarau, e, em geral, as pessoas têm pouca oportunidade de dançarem juntas em tempos modernos. Valsas, maxixes, lundus e modinhas que relembram os saraus antigos dão um toque de leveza e cadência aos encontros poéticos.
Aproveitar o espaço para outras atividades literárias: a troca e empréstimo de livros, o varal de textos inéditos, homenagem a algum poeta especial, etc.
Procurar fazer saraus rotineiros: o grupo estará sempre mais á vontade e cada vez aprendendo e participando com mais energia, levando seus textos e se esmerando na atividade.
Os saraus estão voltando! Muitos leitores e amantes da poesia estão reunindo amigos, alunos e públicos em geral para essa atividade que já estava sendo esquecida.
Fonte: Letras de Luz.
Que o I Sarau da EJA inspire muitos outros!!!!
Renata de Castro Camargo
Coordenadora Pedagógica da EJA
Cachoeira Paulista, maio de 2010.
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