Uma Laranja é Apenas uma Laranja?
Uma laranja é apenas uma laranja?
Por Fábio Adiron
Mariana era louca
por laranjas. Não qualquer laranja, era louca por laranja pera.
Era tão fanática que costumava
comprar no atacado. Toda semana ia ao CEASA e comprava um saco de laranja pera.
Delas fazia suco, saladas de frutas de uma fruta só, as chupava puras. Fazia
doces, bolos e tortas.
Nem sempre todas as
laranjas vinham perfeitas, algumas chegavam mais secas, outras um pouco
amassadas. Mesmo assim Mariana aproveitava todas, de uma forma ou de outra. Até
o dia em que, no meio do seu saco de laranjas pera veio um exemplar de laranja Bahia.
Para muitos seria apenas mais uma laranja, não para Mariana que ficou perplexa
e confusa com um tipo de laranja diferente.
A casca era mais
fina, o tamanho maior, o suco com teores diferentes de açúcar e de ácido
cítrico. Ela não estava preparada para isso. Não sabia nem por onde começar.
Fez uma busca na Internet sobre a tal da laranja estranha. Só encontrou
informações sobre os aspectos fenotípicos do citro. Isso não ajudava.
Começou a ligar
para amigas. O máximo que descobriu foi que essas laranjas não tinham sementes.
Pior foi ter de ouvir da melhor amiga que era uma laranja, e laranjas são
laranjas. Que diferença isso ia fazer?
Concluiu que não
teria outra alternativa a não ser partir em busca de especialistas. Como iria
descascar aquela pele mais fina? Se eram mais doces, como procederia no açúcar
da sua famosa compota de laranja? Os gomos maiores não enroscariam no seu
processador? Descobriu várias pessoas que se dedicavam ao estudo e manuseio de
laranjas Bahia. Uma mulher que era descascologista, com doutorado em bahias. Um
agrônomo que tratava de distúrbios de desenvolvimento de citros e até um chef
compoteiro que tinha uma instituição dedicada ao desenvolvimento da tal
laranja.
Pensou em mandar
seu exemplar de laranja Bahia para um desses especialistas. Mariana, no
entanto, era uma mulher persistente, não poderia admitir que tinha sido
derrubada por uma laranja.
Matriculou-se num
curso à distância, de capacitação em laranjas. Na primeira aula descobriu que a
bahia era só uma das dezenas de espécies de citrus sinensis: Lima, Westin ,
Rubi, Valencia, Hamlim e Kinkan. O curso não lhe ensinou o que fazer com as
diferentes laranjas, mas abriu seus olhos para todo um mundo diverso do que ela
conhecia. Também contatou que só com prática de uso de tanta variedade é que
ela descobriria como tirar o melhor de cada um dos tipos.
Não perdeu seu amor
antigo pela laranja pera, mas descobriu que a vida era muito mais interessante
quando as laranjas se misturavam. Era possível fazer sucos usando combinações
de frutos mais ácidos com outros mais doces e, até mesmo enriquecer seu bolo de
laranja com calda de uma laranja diferente.
Empolgadas partiu
para o estudo de tangerinas, depois limões e até mesmo grapefruit.
E, assim como fazia
com a laranja pera, Mariana nunca desperdiçou nenhum dos seus cítricos. Uma
verdadeira mestra.
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Vivenciando a Inclusão
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